terça-feira, 26 de abril de 2011

A quatro mãos




     
O texto a seguir foi o que de melhor me aconteceu nesses últimos dias. Quando eu me via tão distante das palavras alguém me fez ir novamente ao encontro delas. A autoria desse texto divido com Roxayne Tavares, a ela o meu muito obrigada por aceitar tão bem as minhas desajeitadas palavras e oferecer algumas outras como troca.


Aquela tal FELICIDADE:

 
               Eu pensei em escrever alguma coisa interessante nessa noite, mas nada me veio; a inspiração não veio. Não quero um texto velho que remeta a sensações e sentimentos antigos. Dizer que estou vivendo uma das melhores fazes da minha vida é muito pouco, não sou assim tão objectiva, meu lirismo não deixa, o subjectivismo ronda as salas mais ocultas da minha alma e que assim seja para sempre, se por um acaso ele existir.

               Tenho sentido a vida é nesse ar que me falta, nas palavras que não vem preencher de poética esse meu texto novo. As palavras vagam distante, no mesmo lugar, mas distante porque me fiz distante delas. Não quero relatar o mesmo do mesmo e de novo, isso cansa. Há tanto pra dizer e não me sai. Há tanto pra dizer e não me entra. Apeguei-me ao velho, e agora como (des)a-pegar? Eu quero falar é dessa FELICIDADE sentida. Talvez essa noite chata desperte as palavras que busco e faça dormir só por um tempo as que já tenho.

                Porque FELICIDADE é sorrir sem motivos, pois pra sorrir não se precisa de motivos e sim de uma boca. Chorar e não sofrer, porque assim como existe choro de tristeza e dor, existe também de seus contrários. Reconhecer no outro o que há em nós e se surpreender quando achávamos que ele, o outro ou aquele ali era tão pouco. Fazer amigos sem a intenção de tê-los, viver cada momento e acreditar que eles serão pra sempre, fingindo não saber que o sempre, sempre acaba. FELICIDADE é viver na existência de um sonho em que só o tempo faz lembrar o passado e que só o presente pode revigorar a permanência dos motivos e planos para o futuro.
               
               Ah, meu Deus! Somos apenas perseguidores da própria FELICIDADE, às vezes para senti-la, para vivê-la fantasiamos, nos iludimos ao deixar que nos iludam, mas ilusão maior é achar que o presente é apenas uma pequena fração da longa jornada que é a vida, mas o presente é verdadeiramente tudo. Se eu não for feliz agora, amanhã sei lá... Sei lá.

               Que eu me concentre sempre bem em viver cada momento da minha vida e intensamente, porque eu sei que eles se vão e não voltam jamais. Que eu fantasie e idealize sempre as melhores coisas e as melhores pessoas, porque sonhar eu posso desde que os meu pés estejam cravados no firme do chão. Que eu  não fantasie demais, que eu não idealize demais, deixando com que as MINHAS melhores coisas e as MINHAS melhores pessoas se vão. Que eu acorde e vá dormir todos os dias sempre com a conclusão de que eu sou feliz com o que tenho e que eu queira sempre mais aquela tal FELICIDADE.



Por: Roxayne Tavares/Diana Lopes.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Clarice Lispector





Para além da orelha existe um som, à extremidade do olhar um aspecto, às pontas dos dedos um objeto - é para lá que eu vou.
À ponta do lápis o traço.
Onde expira um pensamento está uma idéia, ao derradeiro hálito de alegria uma outra alegria, à ponta da espada a magia - é para lá que eu vou.
Na ponta dos pés o salto.
Parece a história de alguém que foi e não voltou - é para lá que eu vou.
Ou não vou? Vou, sim. E volto para ver como estão as coisas. Se continuam mágicas. Realidade? eu vos espero. E para lá que eu vou.
Na ponta da palavra está a palavra. Quero usar a palavra "tertúlia" e não sei aonde e quando. À beira da tertúlia está a família. À beira da família estou eu. À beira de eu estou mim. É para mim que eu vou. E de mim saio para ver. Ver o quê? ver o que existe. Depois de morta é para a realidade que vou. Por enquanto é sonho. Sonho fatídico. Mas depois - depois tudo é real. E a alma livre procura um canto para se acomodar. Mim é um eu que anuncio.
Não sei sobre o que estou falando. Estou falando de nada. Eu sou nada. Depois de morta engrandecerei e me espalharei, e alguém dirá com amor meu nome.
É para o meu pobre nome que vou.
E de lá volto para chamar o nome do ser amado e dos filhos. Eles me responderão. Enfim terei uma resposta. Que resposta? a do amor. Amor: eu vos amo tanto. Eu amo o amor. O amor é vermelho. O ciúme é verde. Meus olhos são verdes. Mas são verdes tão escuros que na fotografia saem negros. Meu segredo é ter os olhos verdes e ninguém saber.
À extremidade de mim estou eu. Eu, implorante, eu a que necessita, a que pede, a que chora, a que se lamenta. Mas a que canta. A que diz palavras. Palavras ao vento? que importa, os ventos as trazem de novo e eu as possuo.
Eu à beira do vento. O morro dos ventos uivantes me chama. Vou, bruxa que sou. E me transmuto.
Oh, cachorro, cadê tua alma? está à beira de teu corpo? Eu estou à beira de meu corpo. E feneço lentamente.
Que estou eu a dizer? Estou dizendo amor. E à beira do amor estamos nós.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Amaduressência


Olho por um instante o movimento vagaroso das coisas. Tudo em mim corre (ULTRA-PASSA) os meus pensamentos, invade meus sentimentos sem que eu defina antes se é em momento o melhor para mim. Sinto que as coisas vagarosamente mudaram, o tempo de espera passou, e alguém chegou? As lágrimas caídas são apenas lembranças de um passado mais que presente. O que é que há? Ainda há ar, mas não há de perder o fôlego se ele partir. Deixe que respire. Ah, respirar!

Perder ou ganhar, suprir ou falir. Deixo-lhe ir, não POR mim, mas PARA mim, te deixo então seguir. Confusões, sensações, disparates, como arde não entender o meu ser. Ser sequer sem ser, como arde deixar arder essa ausência de ti em mim, quando já não cabe um NÓS. E eu deixo que vá, porque é o que há de melhor a se fazer. Eu até confesso que sua hospedagem em mim e nada gratuita foi boa, mas o que há de vir, há também de partir. Com dores de parto de vejo ir, não choro e nem sofro, mas dói doer-se ao doar-se a ti.

As palavras que desde sempre e para sempre foram a minha melhor companhia, já não sabem mais como expressar o que eu já nem sei e nem quero dizer. É que acho que já não sinto e se não sinto, não sai e se não sai eu não sei e se não sei, sei lá.

Estou só e estou cheia de mim, de AMADURESSÊNCIAS, sei que sinto e o quanto sinto, mas fingir que não é melhor para mim, é melhor para ti, não para NÓS, mas é bem melhor que seja assim.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Precisa sim!

A melodia do agora...



Eu sei que vivo a fazer mais do que você merece e precisa, mas eu não faço por ti e sim por mim!

segunda-feira, 14 de março de 2011

Despedida (Parte I)



Houve um último olhar, aquele que se despedia de tudo que foi bom por um bom tempo. Olhei fundo, sofrida, mergulhando em segundos nos olhos negros daquele homem que eu tanto desejei chamar de meu. Senti a falta de algo e nem sei bem de quê, sei que verdadeiramente nunca tive. Penso em instantes se não foi perda de tempo, (des)penso, pois não.



Oferecemos tanto um ao outro quando pensávamos não ter nada a dar. E é bom saber que mesmo sem entregas, houveram trocas. Eu não sei se o ensinei algo e nem sei se aprendi algo com ele, mas tenho certeza que aprendemos muito com nós mesmos. E mesmo sabendo que não nos lembraremos de momentos, porque simplesmente não houveram momentos eu sei que sempre haverá coisas bem mais importantes para lembrarmos, inclusive um do outro.


Passa o tempo e tudo leva, pouco fica. Os textos que escrevi para mim pensando nele continuaram guardados, a espera de tocarem outras pessoas como um dia tocaram a mim. O que ele guardará de mim? Não sei, mas sei que de mim lembrará quando ler ou ouvir Clarice Lispector e dele irei lembrar quando me deparar com poemas de Carlos Drummond de Andrade e vou é sentir falta dele, ele, o meu Drummond particular. Haverá pouco de um no outro, mas será muito quando nunca houve tanto.


Aquele último olhar, o de despedida, não encerrava a história não acontecida entre nós, mas indicava o inicio de algo que nem sei bem o que é, mas que eu quero descobrir e desejo que ele também queira. Desta vez não haverá convite, haverá braços para um abraço, e que este abra feito compasso um novo ciclo, desde já aceito. Não desisti, apenas cansei dessa esperança desanimada no esperar.